Nesta segunda-feira (22) completa quatro anos da morte prematura do prefeito Mário Cesar Lopes Carvalho, assassinado numa emboscada na PR 549, na saída para Corumbataí do Sul. O principal acusado do assassinato, Dioniclei Pelussi de Oliveira, foi preso dois dias após o crime e libertado em março de 2010 graças a uma decisão da Justiça.
Mário Cesar, que já ocupou a cadeira de vereador na gestão 97/2000, tentou eleger-se prefeito em 2000, sendo derrotado pela então prefeita Elza Marques, reeleita à época. Em 2004 entrou novamente na disputa e foi eleito. Em 2008 conseguiu a reeleição com expressiva votação. No dia do crime Cesar divulgava as festividades do município, que teriam inicío no dia seguinte, tendo toda sua programação cancelada.
O crime:
Dioniclei foi preso dois dias após o crime. Foto: Antonio Marcio/iTribuna
Mário Cesar passou o dia em emissoras de TV, rádio e jornais divulgando o aniversário do município. À noite, segundo consta, estava no clube quando recebeu uma mensagem no celular. Sozinho, dirigiu-se até a saída para Corumbataí do Sul. De acordo com o delegado de Engenheiro Beltrão, à época dos fatos, Dioniclei Pelussi de Oliveira teria atraído o prefeito se passando pela namorada através do MSN. ““Ele nos disse que havia um boato na cidade em que mora, São Pedro do Ivaí, de que sua namorada estava tendo um relacionamento amoroso com o prefeito. Tomado pelo ciúme, foi atrás dele para tirar satisfações”, explicou o delegado na época do crime, em entrevista à Gazeta do Povo.
Ao parar o carro no acostamento, Cesar foi surpreendido e ferido com cinco disparos de arma de fogo. O então prefeito ainda teria tentado escapar da emboscada, mas não resistiu aos ferimentos. Tiros também atingiram o veículo oficial utilizado pelo prefeito, um Gol.
O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), de Curitiba, passou a investigar o caso logo nas primeiras horas do dia seguinte à morte. Com apoio da polícia local e das primeiras diligências realizadas, o crime foi elucidado ainda na quinta-feira (23). A polícia apontava que o comerciário Dioniclei Pelussi de Oliveira, então com 23 anos, seria o autor dos disparos. Ele se entregou à polícia na sexta-feira, praticamente no mesmo horário do sepultamento do prefeito.
Assassinato comoveu população
Pelo menos 7 mil pessoas participaram do velório e enterro do então prefeito Mário Cesar Lopes de Carvalho. A população se despediu de Cesar no Ginásio de Esportes, recém reformado pelo prefeito. A esposa Marinalva Carvalho recebeu a solidariedade dos moradores e de autoridades. “A vontade é de chorar muito, muito mesmo. Mas temos que ter força para superar tudo isso”, disse a primeira-dama, muito emocionada, demonstrando força e consolando a população.
Marinalva fez um discurso emocionado na Igreja Nossa Senhora das Graças, nos últimos momentos de despedida. Contou um pouco da rotina do prefeito que gostava de sair de carro com a esposa para ver se tudo na cidade estava certo. “Ele não gostava de ver a cidade escura. Quando via uma lâmpada queimada, já ligava para o eletricista para providenciar o conserto”. Marinalva também contou que o prefeito tinha como característica explorar a qualidade das pessoas. Os defeitos deveriam ser deixado em segundo plano, e sim valorizar a qualidade de cada um. “Agradeço a todos que estiveram no Ginásio de Esportes levando o seu abraço. Cada um que passou por ali e deixou o seu abraço amenizou um pouco a dor que estamos sentindo neste momento.”
Defesa de Dioniclei Pelussi recorre ao STJ
A defesa de Dioniclei Pelussi de Oliveira entrou com agravo em recurso especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Acusado de homicídio com mais de uma qualificação pelo Ministério Público Estadual, a defesa tenta tirar do processo algumas destas qualificações. Após a denúncia feita pelo MP, a defesa recorreu em primeira instância e também no Tribunal de Justiça. Agora recorre ao STJ para tentar abrandar as acusações contra Dioniclei.
Mesmo com a confissão do réu, o julgamento de Dioniclei ainda pode demorar e muito, graças a morosidade da Justiça. Com esse recurso especial no STJ, o processo está com o Ministério Público Federal para vistas desde agosto do ano passado. Quase um ano se passou e o processo não teve uma movimentação sequer.
Após o julgamento deste agravo em recurso especial é que os advogados devem traçar as linhas de defesa em um possível julgamento. A possibilidade de pedir o desaforamento do processo – quando o réu pode ser julgado em outra comarca – não foi descartada.
Dioniclei continua residindo em São Pedro do Ivaí. Atualmente está estudando em um curso superior de uma faculdade da região.